segunda-feira, 18 de março de 2019

Livro Nem te Conto - histórias etílico&psicodélicas (TRECHOS) Carlos Vieira Charles



                            1                                                                        


Lá pelos 1974, em plena ditadura militar, três rapazes estavam fazendo serenatas para as amadas e pretendidas, mais cantorias encomendadas, noite adentro, na pequena e pacata cidade do interior.

Incomodado com o bulício, algum cidadão de bem ligou para a polícia. Saiu o fusquinha oficial, a procurar pelos arruaceiros. Os encontrando numa praça, o policial, vendo o garrafão de vinho Sangue de Boi quase vazio, a garrafa de cachaça pelo meio, e notando o vapor alcoólico que emanava dos rapazes, achou por bem prender o violão, para acabar com a festa. Disse que o instrumento musical poderia ser resgatado no dia seguinte, na delegacia.

Foi quando um dos rapazes, gaiato, perguntou:

–Tem horário de visita para o violão?

Foi preso também.






9



Numa sexta-feira à tardinha, Beto assistiu a um bom filme italiano no centro da cidade. Depois, reencontrou amigos no boteco de sempre. Passado um tempo, voltou para seu apartamento de solteiro, lá pelas onze da noite.

Enquanto tomava uma cerveja, preparava uma omelete na cozinha, quando toca a campainha. (Menu de solteiro: macarrão instantâneo/ pizza/ churrasquinho de gato/sanduíche de fast-food/ omelete).

Voltando à história, toca a campainha, Beto atende e mal disfarça o susto: era uma morena daquelas esculturais, de causar acidente de trânsito. Um metro e setenta, curvas pra todo lado. Um morenismo. Uma morenaça.

Beto pensa: mulher bonita, só de estar perto, já faz bem, já tá bom! Ela olha para dentro do apartamento, estranha, e pergunta:

– Não é aqui o apartamento do Beto?

– Sim.

– Um que toca violão?

– Sim – diz Beto – curioso.

– Mas não é aqui que tem uma festa? – pergunta a morenaça.

– Me dá vinte minutos? Eu chamo todo mundo e faço uma – responde Beto, sorrindo.

A festa era na casa de outro Beto, que tocava violão, no mesmo prédio, em outra entrada.



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João e Júlio eram inseparáveis. Toda tardinha, depois do trabalho, seis da tarde, happy hour, os amigos se encontravam e iam tomar umas em botecos variados da cidade. Tinham empregos bem simples, ganhavam pouco e eram obrigados a tomar conhaque dos mais baratos. De 3 “real”. Cerveja, não podiam. Então, sempre tomavam alguns “Presidente” (marca de conhaque popular). E, como sempre andavam e bebiam juntos, logo ganharam o apelido de “Presidente” e “Vice”.



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Bem jovem, ainda estudante, Cláudio tinha um pequeno primeiro emprego, quase um bico, e ajudava nas despesas da casa dos pais. Assim, quase nunca sobrava nada para passear, comprar uma roupa ou gastar na rua. Dinheiro contado.

Quando ia ao barzinho, tomava só uma ou duas cachaças, misturada com uma coca-cola para aliviar o gosto forte. Cachaça com coca, gelo e limão.

O problema é que toda vez que Cláudio ia beber a sua cachaça com coca no barzinho, passava uma jovem amiga “x”, estudante, que se sentava e pedia:

– Posso beber um pouquinho de sua coca-cola?

E bebia quase toda. Cláudio, com cara de tristeza, ficava na cachaça pura, SEM coca.

Anos depois, Cláudio ficou rico. Talvez por isso. Pra poder beber coca.



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23



Bar e restaurante popular. Fim de semana, dez e meia da manhã. Chega o primeiro cliente, com um jornal para ler. Chega o segundo, com um notebook. Ouve-se um TUM TUM TUM, fortes batidas no subsolo do bar, na cozinha. O primeiro cliente diz para o segundo:

– Ali tem um colchão mole apanhando até confessar que é filé mignon.



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